Algumas carreiras já oferecem oportunidades estrangeiras em regime 100% home office e carga horária flexível
Há pouco mais de dois anos, quando a pandemia de Covid-19 assolou o mundo, o mercado de trabalho brasileiro precisou se reinventar através de um regime que, até aquele ponto, não era muito popular no país: o home office. As pessoas passaram a trabalhar diretamente das suas casas, e o sucesso da adaptação mostrou para as empresas que, em muitos casos, é até mais vantajoso para ambos os lados atuar de forma remota do que se deslocar até o escritório todos os dias.
Contudo, a popularização do home office também diminuiu qualquer fronteira territorial do mercado de trabalho, permitindo que muitos profissionais atuassem em empresas que não ficam localizadas no estado onde vivem e, em alguns casos, nem mesmo no país. O mercado internacional enxergou uma oportunidade de recrutar trabalhadores do mundo inteiro, inclusive do Brasil, pois, além da possibilidade de todos trabalharem das suas casas, o regime também descarta uma série de processos burocráticos, como necessidade de passaporte, visto de trabalho, fluência no idioma nativo, etc.
Para o profissional, também é algo vantajoso, já que os horários costumam ser flexíveis (devido a questão do fuso horário) e o pagamento é realizado na moeda do país de origem, podendo ser em dólares ou euros. Com a atual cotação do câmbio, acaba sendo um trabalho muito rentável para os brasileiros, que na conversão ficam com um excelente salário em reais.
Expandindo oportunidades
Praticamente qualquer profissão que atualmente pode atuar em regime home office no Brasil também pode fazer isso de forma internacional. Entretanto, a maioria das oportunidades está no setor da tecnologia, para os profissionais de TI (tecnologia da informação). Com o protagonismo que o digital assumiu na vida das pessoas durante a pandemia, a demanda por mão de obra qualificada cresceu em um ritmo tão acelerado que a quantidade de vagas acabou superando a de profissionais disponíveis no mercado.
Com o real desvalorizado e a urgência em encontrar profissionais qualificados, o Brasil acabou se tornando um dos principais alvos de empresas sediadas nos Estados Unidos, Canadá, Portugal e China. Para a instituição, é vantajoso, porque é possível reduzir a remuneração em até 50% do que seria pago para um profissional nativo; contudo, na conversão, esse valor seria mais que o dobro de um salário padrão no Brasil, por isso acaba sendo igualmente benéfico para o prestador de serviço.
Além disso, também é uma excelente oportunidade para o trabalhador incrementar seu currículo e ficar em evidência no mercado brasileiro. Boa parte das empresas internacionais não oferece vínculos empregatícios estáveis, ou seja, a maioria contrata profissionais em regime de prestação de serviços ou como freelancer. Isso permite que a pessoa busque outras oportunidades para complementar renda, trabalhando paralelamente em mais de um lugar. Com empresas internacionais no portfólio, fica mais fácil sair na frente da concorrência.
Muitos encaram a possibilidade de trabalhar no exterior como uma forma de intercâmbio, mesmo sem sair de casa. A pessoa tem a chance de conhecer uma nova cultura de trabalho e aperfeiçoar seu entendimento em outro idioma. Tudo isso pode até mesmo servir de pontapé inicial para quem deseja morar fora do Brasil. Com esse contato mais próximo com outra nação e com um salário em moeda estrangeira, a pessoa tem mais segurança para fazer essa transição, sem grandes receios de não conseguir se adaptar ou se sustentar em outro país.
Dicas para interessados
O home office internacional não é algo tão novo no mercado, e, antes da pandemia, já era uma tendência, mas hoje é bem mais fácil encontrar oportunidades compatíveis com diversos níveis de qualificação. As vagas variam desde cargos operacionais até funções de gestão, mas é importante se atentar aos requisitos, pois muitos cargos de gerência podem exigir uma mudança para o país-sede no futuro. É necessário avaliar se está disposto a lidar com essa possibilidade, pois trata-se de um processo altamente burocrático.
O momento é bem favorável para quem deseja encarar esse desafio, principalmente os profissionais formados em ciência da computação EAD ou presencial, que contam com uma variedade maior de oportunidades no mercado internacional. Contudo, também é necessário que haja uma preparação por parte do profissional, afinal prestar serviços para uma empresa de outro país envolve uma série de questões que não fazem parte do dia a dia do trabalho brasileiro.
Primeiramente, é essencial conhecer o idioma local em um nível que seja pelo menos avançado, pois haverá um contato constante com aquela linguagem, seja por mensagens ou por conversação direta. Investir em cursos de idioma é importante, e, quanto antes fizer, melhor, pois leva tempo para se adaptar a uma linguagem nova. Para expandir as oportunidades, o ideal é alcançar um nível que fique próximo do fluente em pelo menos dois idiomas: inglês e espanhol.
O contato com esses empregos também ajudará a aperfeiçoar suas habilidades no idioma em questão, mas nem todos têm a mesma facilidade de aprender uma nova língua, por isso é importante iniciar esse processo o quanto antes. Outro ponto importante é buscar se inteirar dentro da cultura do país da empresa, pois isso define a forma como as pessoas interagem entre si e até mesmo como trabalham. Estar por dentro dos costumes locais ajuda a se encaixar melhor nas equipes e não parecer um completo estranho, algo que pode ser comum dentro de um ambiente estrangeiro.
Aqueles que desejam utilizar essa oportunidade para morar fora do país no futuro também precisam se atentar a outros detalhes. O networking nunca deixa de ser algo importante no mercado de trabalho, por isso é sempre válido buscar se aproximar ao máximo dos gestores e garantir uma rede de apoio para quando estiver morando no país em questão. Preste bastante atenção a todas as tendências e competências que estão em alta naquele mercado e busque adaptar seu currículo de acordo, pois, além de tudo isso, também é necessário se dedicar a continuar buscando qualificações profissionais, principalmente através do estudo.
Tendo tudo isso em mente e, acima de tudo, sendo bastante paciente, é possível começar sua carreira internacional sem sair de casa.